Primeira tentativa para sair da Costa do Marfim



As circunstâncias levaram-nos a pernoitar em Daloa, uma cidade de tamanho considerável mas de ruas em terra batida cobertas de lama vermelha, dado estarmos na estação das chuvas. Jantámos num restaurante simpático, propriedade de marroquinos, uns dos quais usava uma camisola da selecção de Portugal. Saímos cedo no dia seguinte, em direcção a Danané. Essa cidade está apenas a alguns quilómetros da fronteira com a Libéria e a pouco mais da fronteira com a Guiné. Para além das habituais 'portagens' ao longo das estradas, encontrámos em Danané um grande centro de controlo, onde nem a declaração passada pela universidade em Abidjan nos salvou de fazer-mos várias 'contribuições' para os militares que aí se amontoavam. Seguimos depois em direcção à fronteira com a Libéria.





Aquilo que parecia no nosso mapa ser uma estrada importante de acesso a Monrovia, rapidamente se transformou num estreito trilho por entre a vegetação, cheio de pedregulhos e crateras. Nada que impedisse a existência de vários postos de controlo ao longo do caminho, alguns dos quais bastante caros, com o argumento que deviámos ter tratado de uns carimbos em Danané. No entanto, o pior foi mesmo o último posto, antes de sair da Costa do Marfim, onde tivémos de pagar uma soma considerável para tratar da papelada e para atravessar uma ponte de madeira sobre o rio que separa os dois países naquela zona, já que a ponte original tinha sido destruída durante a guerra civil. Nesse posto fronteiriço os militares misturavam-se com pessoas à civil que pareciam controlar o que se passava por ali. Nem todos seriam funcionários, já que andava por lá, por exemplo, um jovem à civil que se limitava a brincar com um grande revólver que trazia na mão. Mesmo assim o ambiente não se revelava muito hostil e, além disso, podia-se avistar logo do outro lado da fronteira um posto militar da ONU que supostamente controla aquela zona.

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