24 de Junho: finalmente, o Atlântico!

Conseguimos encontrar um hotel bastante simpático em Outjo, onde jantámos bem. O clima era de boa disposição por sentirmos que o nosso objectivo estava quase cumprido com sucesso, após termos percorrido cerca de quatro mil quilómetros desde o Índico.

Entrada do Etosha Hotel

O pequeno almoço foi igualmente muito bom comparado com o que tínhamos encontrado, mesmo nos melhores hotéis.
O frio da manhã era tanto que tivémos de empurrar um dos jipes que tinha dificuldades em arrancar a frio. O outro jipe, por sua vez, tinha partido outra vez as correias de transmissão.
Mais uma vez, uma equipa seguiu à frente, enquanto a outra foi à procura de uma oficina onde pudesse fazer a reparação. A incerteza voltou a abater-se sobre essa equipa, já que as entradas no Parque Natural da Costa dos Esqueletos, que tínhamos de atravessar, é permitida só até uma certa hora.
À segunda tentativa, lá conseguimos arranjar quem nos fizesse a reparação. Ficámos a saber então que em Livingstone nos tinham feito um mau serviço, pois a correia que colocaram não tinha a medida certa, o que tinha levado ao rápido desgaste e à ruptura.
Quando o jipe ficou pronto, a manhã ia quase no fim. A hipótese de contornar o parque pelo sul para chegar ao mar começava a tornar-se forte. De qualquer forma, tínhamos de seguir o trajecto da outra equipa até às portas do parque, no sentido de obter o trajecto duplo que pretendíamos na maior distância possível.


Início da zona montanhosa

Seguimos então para Khorixas, onde voltámos a apertar as correias, para evitar mais surpresas. Pouco depois, a estrada passava a ser de gravilha e com lombas enormes, provocadas pela erosão e onde o pó era uma constante. À medida de avançávamos, a vegetação ia desaparecendo, passando por ser apenas erva seca, até se reduzir a nada.

Comendo pó

Aos altos e baixos

Mirone

Quanto chegámos à porta do parque já passava muito da hora em que era permitida a entrada. Apesar de tudo, não estávamos dispostos a voltar para trás sem tentar a nossa sorte com o guarda do parque, não só para seguir exactamente a nossa rota mas também porque voltar para trás implicava um volta enorme em estrada má e com a noite quase a cair. Depois de muitas explicações e negociações, conseguimos finalmente a permissão para atravessar os últimos trinta quilómetros que nos separavam do oceano.
Foi com grande animação que fizemos esses últimos quilómetros.
Ainda avistámos alguns animais que deambulavam por aquele terra cada vez mais inóspita.

Um pouco de vida selvagem

Os primeiros europeus a desembarcarem e a explorarem estas costas foram os navegadores portugueses Diogo Cão e depois Bartolomeu Dias. Parece que esta região não chegou a ser reclamada para a coroa portuguesa e percebe-se bem porquê. Os navegadores portugueses chamavam-lhe até as Portas do Inferno. Mesmo assim, Diogo Cão tem o seu nome associado a esta região. A designação de Cape Cross dada a um pequeno cabo a norte de Henties Bay tem origem precisamente num padrão mandado colocar por ele, na sua segunda passagem por estas terras, em 1486. Como percorremos essa zona já noite fechada, não houve oportunidade de visitar esse cabo.

De qualquer forma, foi com uma grande satisfação de tarefa cumprida que atingimos a costa atlântica, onde o vento forte sopra continuamente, levantando areia que fere os olhos e a pele.

Areia soprada pelos ventos fortes da Costa dos Esqueletos

Para a posteridade

Sem comentários:

Enviar um comentário